4.6.13

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Já passaram quase duas semanas desde que fomos ao concerto da Ana Moura no Museu do Oriente e finalmente hoje vou escrever sobre este serão.

O ambiente estava muito acolhedor, a sala é pequena e estava cheia. A voz da Ana Moura ao vivo é tão fantástica como nas gravações, não desilude nada, muito pelo contrário, é muito poderosa e natural.

Emocionei-me com diversas músicas, talvez por estar a ouvir fado e ser uma verdadeira portuguesa "piegas", talvez porque os tempos não estão fáceis e quase que basta ver o Doctor House a "judiar" com os pacientes para "ir à lágrima".

A música que estou a ouvir hoje em modo "repeat" chama-se "Fado Alado", cujo poema é do Pedro Abrunhosa (creio que a música também é dele).

É uma música linda, muito portuguesa, que fala de nós, do nosso país, do nosso fado, do nosso modo de amar, do comboio que cada um de nós é, das mercadorias que transportamos na vida e das paragens que fazemos em cada pessoa com quem nos relacionamos.

~ Fado Alado ~

Vou de Lisboa a S. Bento,

Trago o teu mundo por dentro

No lenço que tu me deste.

Vou do Algarve ao Nordeste,

Trago o teu beijo bordado,

Sou um Comboio de Fado

Levo um Amor encantado,

Sou um Comboio de gente.

Sou o chão do Alentejo,

De ferro é o meu beijo,

Tão quente como a Liberdade,

E se não trago saudade

É porque vives deitado

Num Amor que não está parado,

Sou um Comboio de Fado,

Sou um Comboio de gente.

Não há Amor com mais tamanho,

Que este Amor por ti eu tenho,

Voo de pássaro redondo,

Que não aporta no beiral.

Não há Amor que mais me leve,

Que aquele em que se escreve,

Ai... Lume brando, Paz e fogo,

Luz final.

Desço do Porto ao Rossio,

Levo o abraço do rio,

Douro amante do Tejo,

Nos ecos dum realejo,

Chora minha guitarra,

Trazes-me a Paz da cigarra,

Num desencontro encontrado,

Sou um Comboio de Fado.

Se for morrer a Coimbra,

Traz-me da Luz a penumbra,

Do Amor que nunca se fez,

Corre-me o sangue de Inês,

Mostra-me um sonho acordado,

Somos um Povo alado,

Um Povo que vive no Fado

A Alma de ser diferente.

Não há Amor com mais tamanho,

Que este Amor por ti eu tenho,

Voo de pássaro redondo,

Que não aporta no beiral.

Não há Amor que mais me leve,

Que aquele em que se escreve,

Ai... Lume brando, Paz e fogo,

Luz final.

{Pedro Abrunhosa}

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