20.6.13

d171

Tornei-me uma caminheira. 
Acho que sempre fui, é uma vocação.
Ainda não tive coragem de voltar à bicicleta (que preguiça!) mas esforço-me por andar a pé.
Adoro caminhar na mesma medida em que odeio correr.
Não é preciso equipamento nem sapatos especiais, não é preciso banho no final, posso ir a conversar ou ao telefone, ouço música (se calhar vou deixar esta parte, hoje ia sendo atropelada...), fotografo e observo a paisagem e as gentes, relaxo e canso-me em simultâneo.
Basta ter meia hora disponível e uma distância a vencer para dar corda aos sapatinhos e caminhar. É uma terapia!


A fotografia foi tirada do passeio matinal de hoje (muro da Escola Virgílio Ferreira em Telheiras) e o texto seguinte é mais um dos que me chegam via CMMC.

~ Ao Encontro do Outro ~

Cada relacionamento da nossa vida, cada vez que nos voltamos para outra pessoa, ocorre um encontro, cada vez mais profundo, com o Outro, à imagem do qual fomos feitos.
Quando nos permitimos experienciar este facto, o que acontece quando meditamos ou quando amamos, descobrimos que o nosso medo só pode ser dissipado, finalmente, pelo próprio encontro e que, quanto mais profundo é esse encontro, menos medo a ele sobrevive. […] Até que tenhamos a coragem de enfrentar o encontro com o outro, ainda não nos teremos encontrado a nós mesmos. Até que isso aconteça, seremos sempre estranhos a nós próprios. Nesta situação, todos os outros são o nosso oposto, opõem-se a nós. Experienciamos a tristeza, a desconfiança e a violência. O primeiro passo para sairmos deste inferno é ter a coragem de nos encontrarmos a nós próprios como somos. Só com os nossos recursos interiores, nenhum de nós seria capaz de o fazer. Ficaríamos, para sempre, por redimir sem o amor interventivo de Deus. O destino que nos levou a meditar e a conhecer as relações de amor, que constituem a encarnação do nosso encontro com Deus, é o sinal do Seu amor redentor nas nossas vidas.

Quando meditamos, aprendemos a deixar para trás todas as imagens que temos de nós próprios porque essas imagens são estranhas ao nosso verdadeiro eu. São como etiquetas incorrectas. A auto-análise, com que produzimos etiquetas para nós próprios e que pensamos ser tão inteligente, isola-nos do conhecimento do nosso verdadeiro eu e do encontro com a realidade redentora. Aprisionamo-nos na auto-consciência. Só temos que compreender que fomos libertados e que a liberdade perfeita é alcançada na profundidade do nosso espírito na liberdade de Cristo, a liberdade do Seu puro amor. Podemos virar-nos para essa realidade se, ao menos, conseguirmos aprender a ser simples, a aceitar o dom livremente feito e a ser fiéis a esse dom. Se aprendermos a dizer o mantra, isso ensina-nos a amar e ensinar-nos-á a expandirmo-nos, para lá de todas as imagens de nós mesmos, para a realidade de nós próprios, em união com a realidade de Cristo. Assim, aprenderemos a ser nós mesmos e a conhecer a alegria de estarmos em comunhão.

{Laurence Freeman OSB, "Luz Interior"}

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