27.11.09

esperança

Quando penso na experiência da vida ou quando falo sobre ela, apercebo-me que devo fazê-lo com delicadeza e respeito. De facto, a vida não é fácil e quando falamos dela com alegria e entusiasmo, pode acontecer que acentuemos ainda mais a tristeza de algumas pessoas, daquelas que sofrem. Sinto que devo falar da esperança, mas de uma esperança encarnada e acontecida dentro da experiência de dor de cada pessoa. Caso contrário, a minha esperança poderia causar desesperança na medida em que se pode provocar no outro, além do que já sofre, um sentimento de incapacidade por não viver a esperança.

[Nuno Branco, sj in "Toques de Deus"]


Quando li este parágrafo emocionei-me ao lembrar as vezes que me senti menor por não conseguir estar sempre feliz como alguns amigos que tenho e que adoro e que estão sempre felizes, estupenda e estupidamente felizes.

esses amigos de que falo são pessoas que demostram ao mundo que estão sempre óptimos, satisfeitos e cheios de alegria e esperam o mesmo dos outros, pois têm medo das fragilidades, suas e dos outros, e fogem delas como o diabo da cruz.

estou a aprender a valorizar a capacidade de sentir e de saber sofrer, o direito a estar mais alegre num dia e menos noutro, a riqueza que é passar por tristezas, vivê-las, encará-las e crescer com elas, exactamente o oposto de passar ao lado das situações, fingir que não se passa nada e que está tudo bem.

as vivências e sentimentos que eu não integrar e não aceitar vão acabar por tomar conta de mim, seja através de uma insónia, uma dor nas costas, um cansaço injustificável ou uma vontade enorme de comer chocolates (!).

comove-me saber que não sou a única a achar (a sentir!) que a felicidade de uns pode ser agressividade para os que sofrem.

e quero muito aceitar a vida na sua essência, esteja ela triste ou alegre, sem a julgar como melhor ou pior, pois é vida e só por isso é um milagre.

*

3 comentários:

Tati Cavazim disse...

Pois é, nem sempre temos o dom de expressar ao outro nossa sensibilidade, nossa necessidade e nosso amor real. As vezes o chão treme, o caldo entorna, mas a esperança precisa se renovar a todo momento, e nada melhor que o novo ano para que nossas energias se renovem.

Carolina R. disse...

que bela foto! ;)

mi disse...

:)
tirei a foto no lago bled, na eslovénia.