23.8.10

na praia

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Então está errado termos orgulho dos nossos bens ou sentirmo-nos melindrados em relação ás pessoas que têm mais do que nós? De todo. Essa sensação de orgulho, essa necessidade de sobressair, a aparente elevação do nosso eu através das palavras «mais do que» não estão cretos nem errados – fazem parte do ego. O ego não está errado; apenas é inconsciente. Quando observar o ego que se encontra dentro de si, começará a ir para além dele. Não leve o ego demasiado a sério. Quando detectar um comportamento egóico seu, sorria. É possível que, por vezes, até se ria à gargalhada. Como pode a Humanidade ter-se deixado levar por isto durante tanto tempo? Acima de tudo, saiba que o ego não é pessoal. Não é quem você é. Se considerar o ego um problema pessoal, estará a alimentá-lo.

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No entanto, renunciar a todos os bens materiais não nos vai libertar automaticamente do ego. O ego vai tentar assegurar a sua sobrevivência procurando outra coisa com que se identificar, por exemplo, uma imagem mental do nós próprios como pessoas que transcenderam todo o interesse em bens materiais e que, por conseguinte, passaram a ser superiores, pois são mais espirituais do que as outras. Há pessoas que renunsiaram a todas as posses, mas têm um ego maior do que alguns milionários.

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O ego tende a igualar as noções de ter e Ser: tenho, logo existo. E quanto mais tenho, mais sou. O ego é alimentado pela comparação. O modo como somos vistos pelos outros transforma-se no modo como nos vimos a nós próprios.

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Como é que deixamos de nos apegar às coisas? Nem sequer tente. É impossível. O apego às coisas desaparece por si só, se deixarmos de tentar encontrarmo-nos nelas. Enquanto isso, basta estarmos conscientes do nosso apego às coisas.

[Eckart Tolle, Um Novo Mundo]

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