28.4.13

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"As igrejas antigas de Paris ainda permanecem na minha memória. A grandiosidade e a paz daqueles lugares sagrados são inesquecíveis. A construção imponente de Notre Dame e a sumptuosa decoração interior, com as suas belas esculturas, são inesquecíveis. Achava que quem gastou tanto para construir uma catedral tão divina só podia ter o amor de Deus no coração. (...)
O sentimento de que a reverência e as orações não são meras superstições cresceu dentro de mim desde que presenciei aquelas almas devotas prostrando-se diante da Virgem. Não estavam a venerar apenas uma estátua de mármore. Havia uma verdadeira devoção no gesto, e percebi que estavam a reverenciar a divindade que e imagem representava. Aquele acto de veneração era uma forma patente de aproximação à glória de Deus.
Gostaria de falar um pouco mais sobre a Torre Eiffel. Não sei qual a utilidade daquela estrutura hoje, mas na época li que a sua construção fora tão criticada como elogiada. (...) De facto, não se pode dizer que a torre contribuiu para embelezar a exposição. As pessoas compareceram em massa para admirar e apreciar a paisagem do alto, apenas pela novidade e imponência da construção. A estrutura tornou-se o brinquedo da exposição. Na medida em que somos crianças os brinquedos atraem-nos, e a torre demonstrou o facto de que somos crianças atraídas por bagatelas. Talvez seja essa a utilidade da Torre Eiffel."
{Mohandas K. Gandhi | A minha vida e as minhas experiências com a verdade}

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O livro do Gandhi ficou todo sublinhado e há milhares de passagens que gostava de transcrever para o blog, para partilhar e para não me esquecer delas. Mantenho o livro na mesa de cabeceira e de vez em quando abro-o e inspiro-me para um post e para a vida.
Ler as experiências de alguém tão íntegro, corajoso, "meio" louco e assustadoramente verdadeiro foi muito importante para mim nesta fase da vida, em que as decisões a tomar são sempre tão exigentes e os acontecimentos de sucedem a grande velocidade.
Estas passagens sobre Paris são lindas e cómicas em simultâneo. Os sentimentos que a Notre Dame lhe provocaram são-me muito familiares. Aquela continua a ser a minha igreja em Paris e nunca vou esquecer a missa de Domingo de Páscoa a que assistimos que demorou horas mas que foi um verdadeiro ritual de devoção e misticismo.
A pergunta persiste: será que é em 2013 que vou rever Paris?!
Ainda ontem falávamos de viagens com uns amigos e continua a ser uma interrogação se vamos viajar este ano, como, para onde e quando. Istambul é um desejo há muito adiado mas Paris é sempre uma boa opção...
Quanto aos brinquedos e às crianças, só posso dizer que sou uma delas e neste momento estou cheia de vontade de ir ver a exposição de construções em Lego que está no Campo Pequeno! :)

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