14.5.13

d134

"Os culpados tapam-se sempre para se dissimularem."
{São Pedro Crisólogo}

Lembro-me de ter doze anos quando deixei de ser uma criança inocente. Assinalo essa mudança com uma grande maldade que fiz a uma colega, uma maldade tão grande que não a vou descrever aqui pois ainda hoje, 21 anos depois, tenho vergonha!
A situação foi tão feia que a mãe dessa miúda apareceu em nossa casa para falar com a minha mãe e eu, quando as vi a tocar à porta, empalideci e só queria encontrar um sítio para me esconder. Percebi que não podia fugir às circunstâncias e lá fui, a morrer de vergonha e arrependimento, pedir desculpa à mãe e à filha debaixo do olhar de indignação e humilhação da minha mãe.

Este episódio marcou-me para sempre e penso que o meu arrependimento foi tão evidente que mãe e filha sempre me trataram com toda a cordialidade e respeito a partir desse dia. Mas eu, que tenho um "auto-chicote" do tamanho do mundo, sempre que as vejo lembro-me da asneirada que fiz e ainda me envergonho.

Isto tudo para concluir que para mim é mais fácil perdoar os outros do que a mim própria e que isso condiciona muito a minha liberdade interior.



Sem comentários: