pobreza & humilhação

Existem para mim duas questões de fundo: a pobreza e a humilhação.

Hoje, no lugar sagrado, o texto do Evangelho segundo S. Mateus levou-me a ouvir o que Jesus me diz sobre esta pobreza e humilhação que eu tenho tanta dificuldade em aceitar como parte integrante, fundamental e inevitável do meu caminho:

"Jesus falou ao povo e aos seus discípulos desta maneira: "Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a Lei de Moisés. Vocês devem, por isso, observar tudo o que eles mandam, mas não devem seguir os seus exemplos. É que eles dizem uma coisa e fazem outra. Impõem leis difíceis de cumprir e obrigam os outros a suportá-las, mas eles próprios não fazem nada para as cumprir. Tudo o que fazem não passa de um espectáculo para os outros verem. Reparem naquelas frases religiosas que eles trazem na testa e nas mangas do vestuário! Notem como eles gostam de franjas largas nas capas! Gostam de ocupar os lugares mais importantes nos banquetes e os assentos de mais destaque nas casas de oração. Também gostam muito de que os cumprimentem com grande respeito nas praças públicas e de que o povo os trate por Mestres. Mas vocês não queiram ser tratados por Mestres, porque só um é Mestre e vocês são todos irmãos. Também não devem chamar Pai a ninguém aqui na terra, porque vocês só têm um Pai, que está no céu. Nem queiram que vos chamem Chefes, porque só têm um Chefe, que é o Messias. O maior entre vocês é que deve pôr-se ao serviço dos demais. Pois todo aquele que se engrandece, será humilhado, e todo o que se humilha será engrandecido."

[Mateus 23, 1-12]

Acho que o problema começa logo com o sentido pejorativo que associo a estas palavras. Pobreza e humilhação parecem à partida palavras negativas. Se as substituir por humildade, soa logo melhor!

Esta questão tem implicações muito importantes na minha coerência de vida e deixa-me tentadoramente desconsolada.

Eu não sou POBRE. Eu não gosto de ser HUMILHADA. - Parece lógico, não é?

Também não sou RICA. Também não preciso que TODA A GENTE DO MUNDO ME ADMIRE. - Não sou assim tão gulosa!

Mas, transpondo isto para a escala do meu dia-a-dia, é impossível não notar que sou mais rica do que muitas das pessoas com quem me cruzo e que tenho necessidade de ser reconhecida em termos pessoais e profissionais. Preciso de sentir que os outros gostam de mim!

Isto provoca uma restrição enorme ao meu viver. Impede-me de ser livremente livre!

Há duas alternativas: ignorar e continuar a minha vidinha ou APROFUNDAR.

Como ser sensível que sou (para além de ser católica) escolho a segunda, mais que não seja para poder afirmar que TENTO SER COERENTE!!!

O orgulho é lixado!...